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Lost In Wonderland

"Who in the world am I? Ah, that's the great puzzle." — Lewis Carroll

Porto Editora | A polémica

24.08.17 | wonder girl

Quem anda atento às notícias (e às redes sociais) facilmente é capaz de se aperceber da mais recente polémica que envolve a Porto Editora e a sua invenção dos livros de atividades diferenciados de acordo com o género.

Como seria de esperar (por quem me conhece, pelo menos), eu tenho uma opinião sobre isto e decidi partilhá-la aqui.

Primeiro, livros de atividades são uma mais valia para as crianças, que são capazes de aprender e divertir-se, sem estar a prestar muita atenção ao quão complexo é o processo de aprendizagem. É, ainda, uma forma de diferenciar atividades, dado o vasto número de jogos e passatempos que são apresentados neste tipo de livros. Eu, quando era mais nova, adorava estes livros, e era capaz de os fazer bastante rapidamente, o que obrigava a minha mãe a arranjar-me mais.

Portanto, isto não sou eu a ser contra os livros de atividades - muito pelo contrário. Eu sou contra esta diferenciação dos géneros, que é o que tanto causou polémica nas últimas 24 horas.

Estamos em 2017. Estamos numa época em que boa parte da população (mundial - é importante referir) está a lutar contra os estereótipos, defendendo a igualdade de géneros. Então, porquê que, numa altura como esta, a Porto Editora surge com algo do tipo? Não faz qualquer sentido. Principalmente quando nós, adultos (e até mesmo as gerações mais novas), tentamos fazer com que as crianças compreendam que o género não vai definir as suas funções, os seus gostos, os seus sonhos e as suas ambições. É importante que, assim sendo, estes livros destinados a crianças não apresentem a vida como sendo tão estereotipada e contra tudo aquilo pelo qual se tem lutado nos últimos anos.

E nem me ponham a falar das diferenças notórias dos níveis de dificuldade entre atividades. Esta ideia de que um género é mais inteligente do que outro, só ajuda no processo de rebaixamento do dito género e consequente elevação do outro, o que é completamente oposto a tudo o que de deveria ser defendido.

Concordo completamente que a venda destes livros tenha sido suspensa (segundo vi no telejornal, ainda há alguns minutos atrás), e espero seriamente que este problema seja resolvido. É vergonhoso que em 2017 ainda nos tenhamos que preocupar com algo assim.

As crianças e todas as futuras gerações devem ter contacto com os ideais de igualdade e respeito, sem se sentirem superiores ou inferiores aos outros devido ao seu género. Por isso mesmo, caros compradores de livros de atividades, apostem numa diversidades de atividades que não vá fazer uma diferenciação estereotipada dos géneros, ou então começaremos a andar em passos de gigante para trás, quando não é isso que deveriamos estar a fazer.

 

Nota:

Opinião baseada em diferentes imagens dos ditos livros de atividades, que vi circular pelas diferentes redes sociais, assim como pelos diversos meios de comunicação.

Importante referir que não tenho absolutamente nada contra a editora em questão. Simplesmente não estou a favor desta criação.

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